quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

ARTE SOBRE ARTE

Projetar com arte, desde o edificado externo até seu interior. Pensamos no projeto como se fosse uma galeria de arte, que em seu interior abriga peças valiosas. Telas de pintores, esculturas, artesanato, uma parede grafitada, arte de rua, um poema escrito em uma parede, remete a arte literária, paredes revestidas com tecido sugerem a arte da moda, como se vestíssemos uma parede com roupa, lustres e luminárias pendentes como se fosse brincos com design diferenciado, só que pendurados no teto. Podemos sugerir um violão, uma guitarra, um piano, uma harpa dispostos de forma estratégica em um ambiente, para que, quando tocados, a música soe no espaço, estimulando a nossa audição com o prazer da música. Para as artes cênicas, imaginamos um ambiente com pé-direito alto, com dois espaços divididos por uma cortina, que quando se abre, lembra as cortinas de um palco de teatro. Enfim, o leque se abre para várias possibilidades de manifestações artísticas que podemos resgatar em uma proposta arquitetônica.

Um exemplo que considero magnífico é o da casa do escritor Curzio Malaparte, construída em 1938, na ilha de Capri, localizada na Itália. Construída em cima de um rochedo, projetada pelo arquiteto Adalberto Libera, suas janelas são, na parte interna, revestidas como molduras de quadros, ou seja, enquadrando a paisagem. Quadros vivos que sofrem mutações com o passar do tempo, com barcos passando no oceano, alterações das marés, a tonalidade da vegetação que muda com as estações do ano.













No meu trabalho de graduação final da faculdade de Arquitetura e Urbanismo, projetei um Centro Cultural de Apoio Social e Educacional para a cidade de Ivoti. Gostaria de citar o espaço de exposições de arte, onde trabalhei com um conceito semelhante. No espaço existem ruínas de um antigo curtume, com jardins ao redor. A intenção era manter a originalidade do curtume, para que quando não houvesse exposições, as obras a serem expostas, sejam as próprias ruínas. Auxiliando na preservação da arquitetura industrial coureiro-calçadista, muito forte na economia da região.

É, portanto, necessário que o arquiteto tenha profundo conhecimento em várias áreas, inclusive a artística, pois precisa lidar com objetos de valor que irão fazer parte da composição arquitetônica de cada projeto. Isto tanto internamente, como nos jardins, quadros, esculturas, design, instrumentos musicais, entre outras possibilidades. Pois às vezes podemos ter clientes colecionadores ou amantes destes bens.

Aproveito também para comentar com vocês que a nossa equipe vem crescendo e atualmente conta comigo, Juliano Scheffel (arquiteto e urbanista CREA RS 139483), Lygia de Almeida Marques (arquiteta e urbanista CREA RS 58857), Alexandre Nasi Beltrão (engenheiro civil CREA RS 83612), Lauri Pick (responsável pelos desenhos dos projetos), Caroline Scheffel (administradora do escritório) e Tobias Sklar (responsável pela comunicação). E todos nós estamos a disposição para trocar idéias, responder dúvidas e trocar impressões sobre o nosso assunto favorito: arquitetura e suas possibilidades.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

ARQUITETURA E HISTÓRIA

Coluna publicada no jornal O Diário, no dia 2 de fevereiro de 2011.


“Quero referir-me nesta coluna à arquitetura e ao patrimônio histórico. A história é a base de tudo, tudo tem a sua história. Preservando edificações antigas estamos, consequentemente, preservando e contribuindo com a história da cidade, das pessoas e das tendências construtivas da época.

Preservarmos o patrimônio histórico é respeitarmos a história de pessoas que ali viveram com sua cultura e com a arquitetura da época. Itens que serviram como base para a evolução da cidade. Isso nos remete a lembranças e fatos de determinada época, que não deve ser apagada. Como é bom caminharmos em ruas e cidades que preservam sua arquitetura de tempos passados. Isso me remete a uma reflexão, outros tempos que não voltam mais. Uma terapia para os dias atuais. Poderíamos fazer uma analogia com uma foto antiga de família, o valor que isso tem!

Quando projetamos uma edificação ela vai estar inserida em um contexto urbano. Devemos analisar seu entorno, sua tipologia, para que a edificação que nascerá ali possa entrar em diálogo com as outras existentes. A mesma harmonia formal que deve ter uma casa, ela pode ter com seu entorno urbano imediato. Se tratando de um contexto histórico, a edificação pode resgatar a tipologia existente ou pelo menos não agredir, respeitando o contexto, não criando hierarquia sobre as demais. Já projetando em um espaço onde não temos referências arquitetônicas consolidadas, podemos inserir uma nova leitura, com tendências atuais, abrindo caminho para uma arquitetura mais liberal.

Isso não é regra, mas acredito que seja importante preservarmos e respeitarmos lembranças, épocas passadas de uma cidade, onde o autor principal dessa história é o patrimônio histórico.

Gostaria com esta coluna, homenagear meu grande amigo Arquiteto Aloísio Eduardo Daudt, o maior detentor de Hamburgo Velho, Novo Hamburgo. Ele que sempre lutou pela preservação da arquitetura épica ali existente“.

Juliano Scheffel é arquiteto, CREA 139483, e dirige o escritório que leva seu nome e trata de questões relacionadas à arquitetura, paisagismo e interiores. Para entrar em contato e tirar dúvidas você pode mandar um e-mail: juliano.scheffel@terra.com.br